domingo, 20 de março de 2011

Música de minha autoria

Bem amigos esse é um poeminha (se é que podem ser chamados assim) e uma música de autoria minha e de Vitor Lauria que eu gostaria de expor às suas críticas. Arriscado em! Mas a vida é assim, “Quem não arrisca não petisca”





Habeo liberum

Corre então a ligeira distinção do que em mim
é a pura escuridão é a pura descrição do meu mal,
num momento de ilusão que então me remete ao passado,
me entrega nos seu braços irreais.
Nunca mais quero ver você passar, nunca mais
quero ter você pra mim quero ver você assim tão voraz de mim,
pois estão me escondendo o meu lado, o que me faz recuperado,
só assim estou libertado de ti.

Musica
Só uma ideia
Composição: Rodrigo Sampaio e Victor Lauria

Nada mais importa
a minha vida está tão desigual
não vejo respostas
caminho único sem solução
não há
E agora vestígios
de um amor que não vai voltar
de um amor que não vai acabar
acabar
No fim, eu estava certo
quando achei que tinha descoberto o seu amor
Só um ideia me apavora
a de nunca mais lhe encontrar
Pensamento agora
única forma de lhe amar
No fim, eu estava certo
quando achei que tinha descoberto o seu amor




Por: Rodrigo Sampaio
Bom pessoal, e se tratando de romantismo e Mal do século não dava pra passar sem falar do incomparável intérprete e compositor do rock nacional Paulo Ricardo (do RPM) que em parceria com o mestre Renato Russo (do Legião Urbana) nos proporcionaram a oportunidade de refletir  e de nos emocionar diante dessa linda interpretação da música “A Cruz  e a espada” composta por Paulo Ricardo e Luiz Schiavon, vejam a baixo uma versão aditada da musica, reparem na emoção de Paulo Ricardo em determinado momento do vídeo,  provavelmente ao lembrar do amigo Renato Russo.



Havia um tempo em que eu vivia
Um sentimento quase infantil
Havia o medo e a timidez
Todo um lado que você nunca viu
Agora eu vejo,
Aquele beijo era mesmo o fim
Era o começo
E o meu desejo se perdeu de mim
E agora eu ando correndo tanto
Procurando aquele novo lugar
Aquela festa o que me resta
Encontrar alguém legal pra ficar
Agora eu vejo,
Aquele beijo era mesmo o fim
Era o começo
E o meu desejo se perdeu de mim
E agora é tarde, acordo tarde
Do meu lado alguém que eu nem conhecia
Outra criança adulterada
Pelos anos que a pintura escondia
Agora eu vejo,
Aquele beijo era o fim, ah era o fim
Era o começo
E o meu desejo se perdeu de mim



Por: Rodrigo Sampaio

Prosseguindo :D

Continuando a falar de música senhoras e senhores Jacques Brel, que na minha humilde opinião é um equivalente francês do nosso grande Chico Buarque, teve um de seus grandes sucessos (a musica Ne Me QuittePas) interpretado por grandes nomes da musica brasileira como Maysa e Maria Gadú e também por um grande nome da musica Norte-americana, a cantoraNina Simone, mas nenhuma interpretação se compara a dele pois ele a  interpreta com dor, quase que se pondo em lágrimas,  vocês entenderão o porque quando verem o vídeo abaixo legendado em Português.





Por: Rodrigo Sampaio

Mais sobre música

Vamos falar mais um pouco de música e essa vai para os fãs de Chico Buarque de Holanda um extraordinário compositor da musica popular brasileira, que também tem traços românticos. A seguir um vídeo com comentários dele sobre a sua musica e o próprio interpretando-a.


Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.
Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.

Por: Rodrigo Sampaio
Bom como este é um espaço dedicado a um grande poeta brasileiro do romantismo gostaria de associar conceitos falando do poeta considerado o mais inovador do século XX, Edward EstlinCummings, usualmente abreviado como e. e. cummings, em minúsculas, como o poeta assinava e publicava,foi poeta, pintor, ensaísta dramaturgo Norte-americano. E pessoalmente falando é o poeta que mais me agrada. E ai vai um trecho de um de seus poemas chamado“Carrego seu coração” e outro verso dele que foi citado pela artista Ana Carolina em um de seus shows, todos traduzidos para o português.

Carrego seu coração
Carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração
Nunca estou sem ele
Onde eu for, você vai, minha querida
Não temo o destino
Você é meu destino, meu doce
Não quero o mundo pois, beleza
Você é meu mundo, minha verdade
Eis o segredo que ninguém sabe
Aqui está a raiz da raiz
O broto do broto
E o céu do céu
De uma árvore chamada vida
Que cresce mais do que a alma pode esperar
Ou a mente pode esconder
E esse é o prodígio
Que mantem as estrelas à distância
Carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração.

e.e.Cummings



Por, Rodrigo Sampaio

quinta-feira, 17 de março de 2011

Romantismo

As dramáticas e desesperadas experiências que Junqueira Freire passou dentro do sacerdócio, e dentro do convívio familiar, irão refletir-se em toda a sua obra poética, fortemente autobiográfica. Nela se pode constatar a notória crise de morais e conceitos com que a igreja convivia no século XIX, refletida nos seus versos, onde é marcante todo o seu conflito entre a vida religiosa e a revolta com os fatos que presenciou dentro dela. Sua falta de vocação e seu desejo ardente pelos prazeres do mundo também são expressos com um forte lirismo e ao mesmo tempo com um constante pessimismo e tristeza. O amor, contrastando com a sexualidade reprimida, a consciência do pecado e o sentimento de culpa, levam-no várias vezes a desejar ardorosamente a cura e o alívio da morte, dando-lhe a afinidade de uma amiga portadora da paz eterna – como se vê em um dos seus poemas mais conhecidos: Morte.


Embora pertencente ao Romantismo, Junqueira Freire teve, no entanto, uma ligação ainda muito forte com o estilo neoclássico, o que tornou suas poesias carentes de uma fluência mais romântica, ou seja, mais melodiosa, com versos mais livres. Seu estilo mais preso, de caráter mais rígido, não lhe permite expressar todos os seu sentimentos de forma mais solta e intensa. 


Sua única obra de poesias, as "Inspirações do Claustro (1855), tem grande valor de testemunho das experiências interiores passadas pelo autor em sua breve vida: o desgosto na casa dos pais as ilusões sobre a vocação monástica as dúvidas e desesperos nos dois anos em que permaneceu na Ordem. 


A obra de Junqueira Freire mereceu um louvor, mas também uma crítica, por parte de Machado de Assis: foi louvada pela forma sincera como retratou todo o drama de um indivíduo preso a uma falsa vocação; crítica ao modo dessa poesia, que caiu no genérico e prosaico, ficando abaixo da síntese conteúdo-forma. Uma prova de sua dificuldade em conciliar intenções e forma é "À Profissão de Frei João das Mercês Ramos", onde expõe o fracasso de sua vocação. Porém, sua obra também apresentou alguns momentos felizes, nos quais lhe foi benéfica a aproximação com fontes populares e outros, nos quais sua concepção anacrônica do verso se ajustou a uma poesia mais racional (de pensamento) que de sensibilidade.

Um pouco sobre a segunda geração do romantismo

Romantismo no Brasil teve como marco fundador a publicação do livro "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves de Magalhães, em 1836, e durou 45 anos terminando em 1881 com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis. O Romantismo foi sucedido pelo Realismo.



Segunda geração - Ultrarromantismo ou Mal do Século

  • Egocentrismo
  • Ultrarromantismo - Há uma ênfase nos traços românticos. O sentimentalismo é ainda mais exagerado.
  • Byronismo - Atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
  • Spleen - Termo inglês que traduz o tédio, o desencanto, a insatisfação e a melancolia diante da vida (significa, literalmente, "baço").
  • Fuga da realidade, evasão - Através da morte, do sonho, da loucura, do vinho, etc.
  • Satanismo - A referência ao demônio, as cerimônias demoníacas proibidas e obscuras. O inferno é visto como prolongamento das dores e das orgias da Terra.
  • A noite, o mistério - Preferência por ambientes fúnebres, noturnos, misteriosos, apropriados aos rituais satânicos e à reflexão sobre a morte, depressão e solidão.
  • Mulher idealizada, distante - A figura feminina é freqüentemente um sonho, um anjo, inacessível. O amor não se concretiza e em alguns momentos o poeta assume o medo de amar.
Principais poetas
  • Álvares de Azevedo
  • Casimiro de Abreu
  • Junqueira Freire
  • Fagundes Varela

Fonte: Wikipédia

Você Me Vira a Cabeça



Infelizmente, não deu para por a letra aqui, pois fica dando um erro.

então ai vai o link:

Só Você



Infelizmente, não deu para por a letra aqui, pois fica dando um erro.

então ai vai o link:

Sozinho



Caetano Veloso

Composição: Peninha
Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus segredos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

Românticos por natureza

Música: É isso aí
Composição: Damien Rice - versão: Ana Carolina






e a letra:



É isso aí!
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre
É isso aí!
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar
É isso aí!
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade
É isso aí!
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar
É isso aí!
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade
É isso aí!
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
Eu Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar

Poesia feita por Andrey Amorin

Ao seus olhos estive
Quando a você eu me entreguei
Sobre um sentimento oculto
O seu amor eu mendiguei
E diante da realidade
O seu beijo guardei

Sobre o amor
Há quem pode não saber
Sentimento árduo
Que nos seus olhos pude ver
Entre a alegria e a saudade
Só quem sente pode entender

Vai

Vai, maldita, vai, víbora sangrenta,
Mulher impura, e ávida de infâmias!
O mundo é amplo: arroja-te em seu gúrgite.
Mereces bem seu lodo.


(...)


Vai, desgraçada, vai. Farta-te em crimes,
Sacia as garras, cobre-te de sangue
É esse o gênio teu. Corre, — que eu vejo
Teu exemplar castigo.


Vai, desgraçada, vai. Riso da plebe,
Indigna até de maldições severas,
Hei de ver-te amanhã pedindo um óbolo,
Errando pelas praças.


E adornada de fétidos andrajos,
A mão leprosa estenderás, ao ver-me,
E a boca túmida abrirás mendiga,
Pedindo-me uma esmola.


E eu com o nobre olhar que já receias,
Hei de talvez passar sereno e alegre,
Ou, tremendo tocar-te as mãos imundas,
Jogar-te algum dinheiro.


Tal é minha vingança. A ouvir-me agora,
Um riso, um riso estólido desprendes.
Ah! tu não crês ainda na justiça
Do Deus que nos escuta!


Ri-te outra vez de minhas frases duras!
Sim: tens razão, incrédula. — Mas corre,
Corre depressa, — que amanhã teu riso
Já não será tão grande.


Vai, maldita, vai, víbora sangrenta,
Mulher impura, e ávida de infâmias!
O mundo é amplo, arroja-te em seu gúrgite,
Mereces bem seu lodo.


Junqueira Freire

À Morte de Garrett

No doce arranco
Que o céu lhe abrira,
Garrett ouvia
Seus próprios carmes
De terno amor.


E aos brancos lábios
Franco, improviso,
Lhe veio um riso
Em vez de angústias,
Em vez de dor.


Morreu poeta,
Ledo e gostoso:
Morreu ditoso,
Cingido, ornado
Dos cantos seus.


Lá foi com os anjos,
Que o inspiraram,
Que o sublimaram,
Cantar saudades
Ao pé de Deus.


Cantai, donzelas
Da pátria dele,
Cantai aquele
Hino de amores,
Hino gentil.


Ouvi que entoam
Seu hino etéreo
Em som funéreo
As belas virgens
Do meu Brasil.


(...)


Junqueira Freire

Morte (Hora de delírio)

Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o termo
De dois fantasmas que a existência formam,
— Dessa alma vã e desse corpo enfermo.


Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o nada,
Tu és a ausência das moções da vida,
Do prazer que nos custa a dor passada.


Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és apenas
A visão mais real das que nos cercam,
Que nos extingues as visões terrenas.


(...)


Amei-te sempre: — e pertencer-te quero
Para sempre também, amiga morte.
Quero o chão, quero a terra — esse elemento;
Que não se sente dos vaivéns da sorte.


Para tua hecatombe de um segundo
Não falta alguém? — Preenche-a tu comigo.
Leva-me à região da paz horrenda,
Leva-me ao nada, leva-me contigo.


Miríadas de vermes lá me esperam
Para nascer de meu fermento ainda.
Para nutrir-se de meu suco impuro,
Talvez me espera uma plantinha linda.


Vermes que sobre podridões refervem,
Plantinha que a raiz meus ossos ferra,
Em vós minha alma e sentimento e corpo
Irão em partes agregar-se à terra.


E depois nada mais. Já não há tempo,
Nem vida, nem sentir, nem dor, nem gosto.
Agora o nada, — esse real tão belo
Só nas terrenas vísceras deposto.


Junqueira Freire

Martírio

Beijar-te a fronte linda 
Beijar-te o aspecto altivo 
Beijar-te a tez morena 
Beijar-te o rir lascivo 
  
Beijar o ar que aspiras 
Beijar o pó que pisas 
Beijar a voz que soltas 
Beijar a luz que visas 
  
Sentir teus modos frios, 
Sentir tua apatia, 
Sentir até répúdio, 
Sentir essa ironia, 
  
Sentir que me resguardas, 
Sentir que me arreceias, 
Sentir que me repugnas, 
Sentir que até me odeias, 
  
Eis a descrença e a crença, 
Eis o absinto e a flor, 
Eis o amor e o ódio, 
Eis o prazer e a dor! 
  
Eis o estertor de morte, 
Eis o martírio eterno, 
Eis o ranger dos dentes, 
Eis o penar do inferno!


Junqueira Freire

Temor (Hora de Delírio)

Não, não é louco. O espírito somente 
É que quebrou-lhe um elo da matéria. 
Pensa melhor que vós, pensa mais livre, 
Aproxima-se mais à essência etérea. 
  
Achou pequeno o cérebro que o tinha:  
Suas idéias não cabiam nele; 
Seu corpo é que lutou contra sua alma, 
E nessa luta foi vencido aquele. 
  
Foi uma repulsão de dois contrários; 
Foi um duelo, na verdade insano: 
Foi um choque de agentes poderosos: 
Foi o divino a combater com o humano. 
  
Agora está mais livre. Algum atilho 
Soltou-se-lhe do nó da inteligência; 
Quebrou-se o anel dessa prisão de carne, 
Entrou agora em sua própria essência. 
  
Agora é mais espírito que corpo: 
Agora é mais um ente lá de cima; 
É mais, é mais que um homem vão de barro: 
É um anjo de Deus, que Deus anima. 
  
Agora, sim - o espírito mais livre 
Pode subir às regiões supernas: 
Pode, ao descer, anunciar aos homens 
As palavras de Deus, também eternas. 
  
E vós, almas terrenas, que a matéria 
Ou sufocou ou reduziu a pouco, 
Não lhe entendeis, por isso, as frases santas, 
E zombando o chamais, portanto: - um louco! 
  
Não, não é louco. O espírito somente 
É que quebrou-lhe um elo da matéria.  
Pensa melhor que vós, pensa mais livre, 
aproxima-se mais à essência etérea. 


Junqueira Freire

Temor

Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova
Pisemos devagar. Olhe que a terra
Não sinta o nosso peso.


Deitemo-nos aqui. Abre-me os braços.
Escondamo-nos um no seio do outro.
Não há de assim nos avistar a morte,
Ou morreremos juntos.


Não fales muito. uma palavra basta
Murmurada, em segredo, ao pé do ouvido.
Nada, nada de voz - nem um suspiro,
Nem um arfar mais forte.


Fala-me só com o revolver dos olhos.
Tenho-me afeito à inteligência deles.
Deixa-me os lábios teus, rubros de encanto.
Somente pra os meus beijos.


Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova
Pisemos devagar. Olhe que a terra
Não sinta o nosso peso.

Soneto

Arda de raiva contra mim a intriga,
Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável
A vil calúnia, pérfida inimiga.

Una-se todo, em traiçoeira liga,
Contra mim só, o mundo miserável.
Alimente por mim ódio entranhável
O coração da terra que me abriga.

Sei rir-me da vaidade dos humanos;
Sei desprezar um nome não preciso;
Sei insultar uns cálculos insanos.

Durmo feliz sobre o suave riso
De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
E o mais que os homens são, desprezo e piso.

Sonho

Era um bosque, um arvoredo,
Uma sagrada espessura,
— Mitológica pintura
Que o romantismo não faz.
Era um sítio tão formoso,
Que nem um pincel romano,
Nem Rubens, nem Ticiano
Copiariam assaz.

Ali pensei que sonhava
Com a donzela que me inspira,
Que põe-me nas mãos a lira,
Que põe-me o estro a ferver;
Que me acalenta em seu colo,
Que me beija a vasta crente,
Que me obriga a ser mais crente
No Deus que ela julga crer.

Sonhei com a visão dourada,
Que todo o poeta sonha,
— Idéia gentil, risonha,
Tão poucas vezes real!
Que só, com o peito abafado,
Se vai de noite em segredo
Contar no denso arvoredo
Ao cipreste sepulcral.

Mas, despertando do sonho,
Que aos homens não se revela,
Achei comigo a donzela,
Me apertando o coração,
E ainda presa a meus lábios,
Entre um riso, entre um gemido,
Murmurou-me ao pé do ouvido
— Que não era um sonho, não. —

E não mais, enquanto vivo,
Deixarei esta espessura,
— Mitológica pintura
Que o romantismo não faz.
Era um sítio tão formoso,
Que nem o pincel romano,
Nem Rubens, nem Ticiano
Copiariam assaz.



Junqueira Freire

Teus Olhos

Que lindos olhos
Que estão em ti!
Tão lindos olhos
Eu nunca vi...

Pode haver belos
Mas não tais quais;
Não há no mundo
Quem tenha iguais.

São dois luzeiros,
São dois faróis:
Dois claros astros,
Dois vivos sóis.

Olhos que roubam
A luz de Deus:
Só estes olhos
Podem ser teus.

Olhos que falam
Ao coração:
Olhos que sabem
Dizer paixão.

Têm tal encanto
Os olhos teus!
— Quem pode mais?
Eles ou Deus?




Junqueira Freire