quinta-feira, 17 de março de 2011

Martírio

Beijar-te a fronte linda 
Beijar-te o aspecto altivo 
Beijar-te a tez morena 
Beijar-te o rir lascivo 
  
Beijar o ar que aspiras 
Beijar o pó que pisas 
Beijar a voz que soltas 
Beijar a luz que visas 
  
Sentir teus modos frios, 
Sentir tua apatia, 
Sentir até répúdio, 
Sentir essa ironia, 
  
Sentir que me resguardas, 
Sentir que me arreceias, 
Sentir que me repugnas, 
Sentir que até me odeias, 
  
Eis a descrença e a crença, 
Eis o absinto e a flor, 
Eis o amor e o ódio, 
Eis o prazer e a dor! 
  
Eis o estertor de morte, 
Eis o martírio eterno, 
Eis o ranger dos dentes, 
Eis o penar do inferno!


Junqueira Freire

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